Doce de Letras

A literatura é a maneira mais agradável de ignorar a vida. "Fernando Pessoa"

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Local: Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil

Sou professora de literatura , super sensível e ama Por Que amar

31 maio 2010

sete meses sem ele


É pai
eu sei que mais um mês se vai. E você já se foi.
Dói saber que nunca mais vou vê-lo.
Nunca mais me sentirei protegida,resguardada.
Aquela Wânia forte e firme que você via se foi com a sua sepultura,
e não volta mais.
Perdeu o chao.Desabaram os sonhos.
Fechou o coração.
se escondeu.
diminuiu.chorou. sofreu e você nunca mais...

29 maio 2010

"Não morremos de morte morrida,mas sim de morte vivida"

Carlos Drummond de Andrade

Oscar Wilde

Perder um pai ou uma mãe, senhor Worthing, pode ser considerado um infortúnio; mas perder ambos parece descuido.

Oscar Wilde

Ser avó



Netos são como heranças: você os ganha sem merecer. Sem ter feito nada para isso, de repente lhe caem do céu. É, como dizem os ingleses, um ato de Deus. Sem se passarem as penas do amor, sem os compromissos do matrimônio, sem as dores da maternidade. E não se trata de um filho apenas suposto, como o filho adotado: o neto é realmente o sangue do seu sangue, filho de filho, mais filho que o filho mesmo...

Cinquenta anos, cinquenta e cinco... Você sente, obscuramente, nos seus ossos, que o tempo passou mais depressa do que esperava. Não lhe incomoda envelhecer, é claro. A velhice tem as suas alegrias, as suas compensações — todos dizem isto embora você pessoalmente, ainda não as tenha descoberto — mas acredita.

Todavia, também obscuramente, também sentida nos seus ossos, às vezes lhe dá aquela nostalgia da mocidade. Não de amores nem de paixões: a doçura da meia-idade não lhe exige essas efervescências. A saudade é de alguma coisa que você tinha e lhe fugiu sutilmente junto com a mocidade. Bracinhos de criança no seu pescoço. Choro de criança. O tumulto da presença infantil ao seu redor. Meus Deus, para onde foram as suas crianças? Naqueles adultos que hoje são seus filhos, que têm sogro e sogra, cônjuge, emprego, apartamento a prestações, você não encontra de modo nenhum as suas crianças perdidas. São homens e mulheres - não são mais aquelas crianças que você recorda.
E então um belo dia, sem que lhe fosse imposta nenhuma das agonias da gestação ou do parto, o doutor lhe põe nos braços um menino. Completamente grátis — aquela criancinha da sua raça, da qual você morria de saudades, símbolo ou penhor da mocidade perdida. Pois aquela criancinha, longe de ser um estranho, é um menino que lhe é "devolvido". E o espantoso é que todos lhe reconhecem o seu direito de o amar com extravagância; ao contrário causaria escândalo e decepção se você não o acolhesse imediatamente com todo aquele amor recalcado que há anos se acumulava, desdenhado, no seu coração.

Sim, tenho certeza que a vida nos dá os netos para nos compensar de todas as mutilações trazidas pela velhice. São amores novos, profundos e felizes que vêm ocupar aquele lugar vazio, nostálgico, deixado pelos arroubos juvenis. Aliás, desconfio muito de que os netos são melhores que namorados, pois que as violências da mocidade produzem mais lágrimas do que enlevos.

No entanto — no entanto! — nem tudo são flores no caminho da avó. Há, acima de tudo, a rival: a mãe. Não importa que ela seja sua filha. Não deixa por isso de ser mãe do seu neto. Não importa que ela ensine o menino a lhe dar beijos e a lhe chamar de "vovozinha", e lhe conte que de noite, às vezes, ele de repente acorda e pergunta por você. São lisonjas, nada mais.

Rigorosamente, nas suas posições respectivas, a mãe e a avó representam, em relação ao neto, papéis muito semelhantes ao da esposa e da amante dos triângulos conjugais.

A mãe tem todas as vantagens da domesticidade e da presença constante. Dorme com ele, dá-lhe de comer, dá-lhe banho, veste-o. Embala-o de noite. Contra si tem a fadiga da rotina, a obrigação de educar e o ônus de castigar.

Já a avô, não tem direitos legais, mas oferece a sedução do romance e do imprevisto.
Mora em outra casa. Traz presentes. Faz coisas não programadas. Leva a passear, "não ralha nunca". Deixa lambuzar de pirulitos. Não tem a menor pretensão pedagógica. É a confidente das horas de ressentimento, o último recurso nos momentos de opressão, a secreta aliada nas crises de rebeldia.

Uma noite passada em sua casa é uma deliciosa fuga à rotina, tem todos os encantos de uma aventura. Lá não há linha divisória entre o proibido e o permitido. Dormir sem lavar as mãos, recusar a sopa e comer croquetes, tomar café — café! — mexer no armário da louça, fazer trem com as cadeiras da sala, destruir revistas, derramar a água do gato, acender e apagar a luz elétrica mil vezes se quiser e até fingir que está discando o telefone.

Riscar a parece com o lápis dizendo que foi sem querer — e ser acreditado! Fazer má-criação aos gritos e, em vez de apanhar, ir para os braços da avó e de lá escutar os debates sobre os perigos e os erros da educação moderna.

Sabe-se que, no reino dos céus, o cristão desfruta os mais requintados prazeres da alma. Porém esses prazeres não estarão muito acima da alegria de sair de mãos dadas com o seu neto, numa manhã de sol. E olhe que aqui embaixo você ainda tem o direito de sentir orgulho, que aos bem-aventurados será defeso. Meu Deus, o olhar das outras avós, com os seus filhotes magricelas ou obesos, a morrerem de inveja do seu maravilhoso neto.

E quando você vai embalar o menino e ele, tonto de sono, abre um olho, lhe reconhece, sorri e diz: "Vó!", seu coração estala de felicidade, como pão ao forno.

E o misterioso entendimento que há entre avó e neto, na hora em que a mãe o castiga, e ele olha para você, sabendo que, se você não ousa intervir abertamente, pelo menos lhe dá sua incondicional cumplicidade e apoio... Além é claro das compensações....

Até as coisas negativas se viram em alegrias quando se intrometem entre avó e neto: o bibelô de estimação que se quebrou porque o menininho — involuntariamente! — bateu com a bola nele. Está quebrado e remendado, mas enriquecido com preciosas recordações: os cacos na mãozinha, os olhos arregalados, o beiço pronto para o choro; e depois, o sorriso malandro e aliviado porque "ninguém" se zangou, o culpado foi a bola mesma, não foi, Vó?

Era um simples boneco que custou caro. Hoje é relíquia: não tem dinheiro que pague.


Texto de Raquel de Queiroz
Descoberto no momento de minhas reflexões como avó

28 maio 2010

cada rosto tem uma historia

Cada rosto tem uma história. Uma história sobre amores eternos. Sobre amores curtos, sobre alegrias pequenas. E grandes. Um rosto é a história sobre as pessoas que fomos. Sobre as pessoas que queremos ser. Sobre caminhos, sobre encontros. Um rosto é uma história sobre os espelhos que nos viram. Um rosto é uma história escrita pelo tempo. Cada rosto tem uma história.

Mário de Andrade - "O valioso tempo dos maduros"

Mário de Andrade - "O valioso tempo dos maduros"
O valioso tempo dos maduros




Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para a frente do que já vivi até agora.

Tenho muito mais passado do que futuro.

Sinto-me como aquele menino que recebeu uma bacia de cerejas.

As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam

poucas, rói o caroço.

Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.

Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflamados.

Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram,

cobiçando seus lugares, talentos e sorte.

Já não tenho tempo para conversas intermináveis, para discutir

assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha.

Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos.

Detesto fazer acareação de desafectos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário-geral do coral.


'As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos'.

Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência,

minha alma tem pressa...

Sem muitas cerejas na bacia, quero viver ao lado de gente humana,

muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com

triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade,

Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade,

O essencial faz a vida valer a pena.

E para mim, basta o essencial!




Mário de Andrade

(1893-1945)

27 maio 2010

Coisas da Bárbara


*Vô Barbosa: = Êta Zé Barbosa. Gurgulino. “Cuidade com o Chantecler”. Bravo. Durão. Nunca teve aparência física de vovô, tampouco de Bisavô. “Neto não é parente”.... ”Bisneto pior ainda” e quantas aspas ainda caberiam aqui. Difícil entender tantas brincadeiras e deboches vindas de um homem tão sério que só queria se afastar, talvez se proteger, e, ao contrário da gente, de mim, que só queria me aproximar mais pra ter um pouco de sua sabedoria e sua presença. Venceu muito. Venceu a vida. “Mas numa velocidade” foi surpreendido por algo terrível que não deu pra vencer. Sinto muita falta. Te amo vô. Saudades eternas.

25 maio 2010

Doce de Letras: Jos�Barbosa de Oliveira

Doce de Letras: Jos�Barbosa de Oliveira

Doce de Letras: H�LIO LAUAR

Doce de Letras: H�LIO LAUAR

Doce de Letras: Joarez Soares

Doce de Letras: Joarez Soares

Doce de Letras: REL�GIO DO CORA��O

Doce de Letras: REL�GIO DO CORA��O

Ao meu passado

O que me atormenta não é o medo da solidão,mas as lembranças tristes em que me refugio.
A solidão faz bem,faz refletir,pensar em coisas que fazemos se estamos no agito do dia, nao temos condições de pensar mais delicadamente
Mas ela dói.
Dói de ferir a alma.
Dói de sangrar o peito.
E a saudade que vem com ela aprofunda mais a dor e é bastante incisiva.
Corta o coração.

21 maio 2010

RELÓGIO DO CORAÇÃO

RELÓGIO DO CORAÇÃO
(Alexandre Pelegi)

Há tempos em nossa vida que contam de forma diferente.
Há semanas que duraram anos, como há anos que não contaram um dia.

Há paixões que foram eternas, como há amigos que passaram céleres, apesar do calendário mostrar que eles ficaram por anos em nossas agendas.

Há amores não realizados que deixaram olhares de meses, e beijos não dados que até hoje esperam o desfecho.

Há trabalhos que nos tomaram décadas de nosso tempo na terra, mas que nossa memória insiste em contá-los como semanas.

Há casamentos que, ao olhar para trás, mal preenchem os feriados das folhinhas.

Há tristezas que nos paralisaram por meses, mas que hoje, passados os dias difíceis, mal guardamos lembranças de horas.

Há eventos que marcaram, e que duram para sempre,
o nascimento do filho, a morte do pai, a viagem inesquecível, um sonho realizado.
Estes têm a duração que nos ensina o significado da palavra “eternidade”.

Já viajei para a mesma cidade uma centena de vezes, e na maioria das vezes o tempo transcorrido foi o mesmo.

Mas conforme meu espírito, houve viagem que não teve fim até hoje, como há percurso que nem me lembro de ter feito, tão feliz eu estava na ocasião.

O relógio do coração – hoje eu descubro - bate noutra freqüência daquele que carrego no pulso.

Marca um tempo diferente, de emoções que perduram e que mostram o verdadeiro tempo da gente.

Por este relógio, velhice é coisa de quem não conseguiu esticar o tempo que temos no mundo.

É olhar as rugas e não perceber a maturidade.
É pensar antes naquilo que não foi feito, ao invés de se alegrar e sorrir com as lembranças da vida.

Pense nisso.
E consulte sempre o relógio do coração:
Ele te mostrará o verdadeiro tempo do mundo.

20 maio 2010

Estou só e triste

Hoje estou extremamente triste.
O dia está nublado,esta fazendo um friozinho e a saudade dos que se foram está alojada em meu coração.
É uma dor insupotável,inigualável.
Esta dor me deixa sumariamente sem atitude, sem direção.
Hoje esta dificil aguentar,principalmente do meu pai que foi vencido pelo cancer em 20 dias.
Como recomeçar a viver se em mim falta um pedaço dele que se foi sem muito esperar?
Estou só.E nessa solidão vejo meu passado cristalizado,inerte.
Já não tenho mais respostas, nem perguntas,sou eu.
Estou sendo medicada por um anjo que me salvou das profundezas do ridículo,mas estou só e triste.
Sem esperança,coisa que eu já não faço muita questão.
Espero com certeza somente a morte,pois nela poderei me descansar dos pensamentos que me atormentam incessantemente.
Estou só.
Isso é muito triste.

19 maio 2010

Crônica de Mário Prata

Crônica de Mário Prata

Saudade é quando o momento tenta fugir da lembrança para acontecer de novo e não consegue.
Lembrança é quando, mesmo sem autorização, seu pensamento reapresenta um capítulo.
Angústia é um nó apertado bem no meio do sossego.
Preocupação é uma cola que não deixa o que ainda não aconteceu sair de seu pensamento.
Indecisão é quando você sabe muito bem o que quer, mas acha que devia querer outra coisa.
Certeza é quando a idéia cansa de procurar e pára.
Intuição é quando seu coração dá um pulinho no futuro e volta rápido.
Pressentimento é quando passa em você o trailer de um filme que pode ser que não exista.
Vergonha é um pano preto que você quer para se cobrir naquela hora.
Ansiedade é quando sempre faltam muitos minutos para o que quer que seja.
Interesse é um ponto de exclamação ou de interrogação no final do sentimento.
Sentimento é a língua que o coração usa quando precisa mandar um recado.
Raiva é quando o cachorro que mora em você mostra os dentes.
Tristeza é uma mão gigante que aperta seu coração.
Felicidade é um agora que não tem pressa nenhuma.
Amizade é quando você não faz questão de você e se empresta aos outros.
Culpa é quando você cisma que podia ter feito diferente, mas geralmente não podia.
Lucidez é um acesso de loucura ao contrário.
Razão é quando o cuidado aproveita que a emoção está dormindo e assume o mandato.
Vontade é um desejo que cisma que você é a casa dele.
Paixão é quando, apesar da palavra “perigo”, o desejo chega e entra.
Amor é quando a paixão não tem outro compromisso marcado. Não...
Amor é um exagero... não, também não. Um dilúvio, um mundaréu, uma insanidade, é um destempero, um despropósito, um descontrole, uma necessidade, talvez um desapego? Talvez porque não tenha sentido, talvez porque não tenha explicação...
Esse negócio de amor, não, não sei explicar...