Para os meus amigos com mais de 50 anos
Para os meus amigos com mais
de 50 anos, que já não suportam
mediocridades.
Estou passando para lhes deixar
um abraço e uma mensagem.
SOBRE TEMPO E JABUTICABAS
Rubem Alves
“Contei meus anos e descobri que, com
absoluta certeza, terei menos tempo para
viver daqui para frente do que já vivi até
agora. Sinto-me como aquele menino que
ganhou uma bacia de jabuticabas. As
primeiras, ele chupou displicente, mas
percebendo que faltam poucas, rói o caroço.
“Já não tenho tempo para lidar com
mediocridades. Não quero estar
em reuniões onde desfilam egos inflados.
Inquieto-me com invejosos tentando destruir
quem eles admiram, cobiçando seus
lugares, talentos e sorte. Já não tenho tempo
para projetos megalomaníacos.
“Já não tenho tempo para conversas intermináveis para
discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem
fazem parte da minha. Já não tenho tempo para
administrar melindres de pessoas que, apesar da
idade cronológica, são imaturas. Detesto fazer acareação
de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de
secretário geral do coral ou semelhante bobagem, seja
ela qual for.
“Lembrei-me agora de Mário de
Andrade, que afirmou: ‘As pessoas
não debatem conteúdos, apenas os
rótulos.’ Meu tempo tornou-se
escasso para debater rótulos, quero
a essência, minha alma tem
pressa...
“Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao
lado de gente humana, muito humana; que sabe
rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos,
não se considera eleita antes da hora, não foge
de sua mortalidade, defende a dignidade dos
marginalizados, e deseja tão somente andar ao
lado de Deus.
“Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade,
desfrutar desse amor absolutamente sem fraudes,
nunca será perda de tempo. O essencial faz a vida
valer a pena. Basta o essencial!”
de 50 anos, que já não suportam
mediocridades.
Estou passando para lhes deixar
um abraço e uma mensagem.
SOBRE TEMPO E JABUTICABAS
Rubem Alves
“Contei meus anos e descobri que, com
absoluta certeza, terei menos tempo para
viver daqui para frente do que já vivi até
agora. Sinto-me como aquele menino que
ganhou uma bacia de jabuticabas. As
primeiras, ele chupou displicente, mas
percebendo que faltam poucas, rói o caroço.
“Já não tenho tempo para lidar com
mediocridades. Não quero estar
em reuniões onde desfilam egos inflados.
Inquieto-me com invejosos tentando destruir
quem eles admiram, cobiçando seus
lugares, talentos e sorte. Já não tenho tempo
para projetos megalomaníacos.
“Já não tenho tempo para conversas intermináveis para
discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem
fazem parte da minha. Já não tenho tempo para
administrar melindres de pessoas que, apesar da
idade cronológica, são imaturas. Detesto fazer acareação
de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de
secretário geral do coral ou semelhante bobagem, seja
ela qual for.
“Lembrei-me agora de Mário de
Andrade, que afirmou: ‘As pessoas
não debatem conteúdos, apenas os
rótulos.’ Meu tempo tornou-se
escasso para debater rótulos, quero
a essência, minha alma tem
pressa...
“Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao
lado de gente humana, muito humana; que sabe
rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos,
não se considera eleita antes da hora, não foge
de sua mortalidade, defende a dignidade dos
marginalizados, e deseja tão somente andar ao
lado de Deus.
“Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade,
desfrutar desse amor absolutamente sem fraudes,
nunca será perda de tempo. O essencial faz a vida
valer a pena. Basta o essencial!”
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